A situação de um país onde o próprio presidente, descendente de húngaros, tem a coragem de chamar a população dos subúrbios de "ralé" |
A notícia de que o senado francês proibiu o uso de burcas em público casou certa irritação. Apesar de grande parte do povo francês (e brasileiro) concordar com a lei – sob os argumentos de que a burca serviria como forma de subjugar a mulher, como disse o presidente Sarkozy –, uma minoria condenou-a como forma de reprimir os costumes de um povo.
O país de Victor Hugo, considerado como um das mais fortes tradições democráticas, está encoberto pela mesma sombra que escurece o resto da Europa Ocidental: Partidos de extrema direita estão ganhando cada vez mais votos, a ponto de chegar ao absurdo de vermos políticos considerados neonazistas no Parlamento Europeu.
O próprio Sarkozy se sente fortalecido com o resultado das eleições européias, que deram uma ampla margem à coalização de direita que o sustenta.
Caso a proibição das burcas não pareça ser um problema sério no contexto europeu – a própria Síria as proíbe, aliás –, devemos relembrar de outro caso que passou mais despercebido.
Viviane Reding foi acusada de comparar a França com a Alemanha Nazista |
Recentemente, os ciganos romani foram expulsos da França. Críticas vieram ainda hoje - 15/09 - como facas pela boca de Viviane Reding – comissária européia para a Justiça e Direitos Fundamentais – que disse que os ciganos, como cidadãos europeus, têm o direito de se moverem livremente pela extensão territorial da EU e ainda: “Acreditava que a Europa não seria novamente testemunha deste tipo de situação depois da Segunda Guerra Mundial”, fazendo alusão as explosões racistas de tal período. Sarkozy rebateu a comissária, aconselhando Luxemburgo – Reding é luxemburguesa – a acolher os ciganos, comentário louvado por outros políticos xenófobos. - fonte
Antes disto, no Novo Mundo, o tão difamado Fidel Castro, mostrou possuir mais sabedoria que Sarkozy e criticou o governo francês: “A última (coisa) que se poderia esperar eram as notícias da expulsão dos ciganos franceses, vítimas da crueldade da extrema direita (...), vítimas de outra espécie de holocausto social” - fonte
Caso considere-se que um Estado soberano tenha o direito de exercer meios coercitivos contra minorias, então poderemos definir com certeza absoluta de que a Europa passa uma série crise. Uma crise que desrespeita os ideais democráticos dos quais os franceses tanto se gabam.
Liberté? Égalité? Fraternité?
Na França, você provavelmente não teria direito a isto.